Abordagens por trás das metodologias de avaliação de empresas e qual escolher para o seu negócio

Abordagens por trás das metodologias de avaliação de empresas e qual escolher para o seu negócio

Já abordamos algumas metodologias de avaliação de empresas: método contábil, método dos múltiplos, fluxo de caixa descontado e método BuyCo., para micro e pequenas empresas. Hoje, vamos detalhar de forma técnica algumas abordagens por trás das metodologias de avaliação e como escolher o melhor método para o seu negócio.

Mais importante do que o fundamento que irá embasar a estimativa de valor de uma empresa, é a atratividade do negócio para um comprador. Essa atratividade normalmente é baseada em avaliação de risco e potencial de crescimento do negócio em questão.

Cada negócio tem suas particularidades que podem impactar na metodologia escolhida para a avaliação. Tentamos abordar as metodologias mais utilizadas, porém, pode ocorrer da sua empresa não ser atendida por nenhuma delas. Por isso, conte sempre com a ajuda de profissionais para descobrir o real valor do seu negócio.

As abordagens por trás das metodologias de avaliação de empresa possuem diversas características específicas para análise do valor mais próximo de venda de uma empresa. Geralmente, são utilizadas uma ou mais das seguintes abordagens: abordagem da renda, abordagem de mercado e abordagem de custo. Veremos todas abaixo.

Ainda que cada uma dessas abordagens por trás das metodologias de avaliação possa ser utilizada, individualmente ou em conjunto, para a estimativa de valor de uma empresa, a natureza e as características do próprio negócio indicarão quais são as mais apropriadas.

Boa leitura!

Abordagens por trás das metodologias de avaliação de empresas

Abordagem de rendafoto-de-moedas-empilhadas-representando-a-abordagem-da-renda-como-uma-das-metodologias-de-avaliacao-de-empresas

A abordagem da renda envolve metodologias que têm como objetivo analisar os benefícios futuros previstos, com base em dados históricos apurados até o momento da avaliação. Os seguintes métodos seguem essa lógica:

  1. Avaliação de Ativos + Lucro Líquido Gerado

Neste método, o negócio vale o valor justo de mercado dos seus ativos fixos, somado a um fator intangível que corresponde a uma vez o lucro líquido gerado pelo negócio.

Vale lembrar que, conforme a Lei 12.973/2014, ativos fixos, ou ativos imobilizados, são bens tangíveis com uma vida útil maior que um ano, cujo valor de compra seja superior a R$ 1.200,00 e que ele não tenha sido comprado com a intenção de revenda imediata, mas sim, para uso nas operações da empresa. Alguns exemplos são: edifícios, equipamentos, móveis e utensílios, veículos, máquinas, entre outros.

Essa é uma metodologia mais conservadora. Geralmente, é usada para negócios muito pequenos, com poucos funcionários e no qual o dono é parte ativa da operação.

  1. Múltiplo de Lucro Líquido Gerado

Neste método o valor do negócio busca refletir qual o valor do lucro líquido gerado estaria disponível ao novo dono depois da compra da empresa. Basicamente, o valor da empresa é a quantidade máxima que um comprador pagaria, dado o lucro líquido gerado que a empresa iria produzir e o nível de risco percebido pelo comprador.

Isso porque, geralmente, compradores e investidores esperam um determinado retorno sobre o investimento baseado nos riscos considerados.

Este enfoque de avaliação é também utilizado, principalmente, onde o proprietário se envolve diretamente na operação da empresa.

  1. Múltiplo de EBITDA

EBITDA é a sigla de “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, que, em português, significa Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização – LAJIDA. Ele é, basicamente, um indicador financeiro que representa a capacidade de geração de caixa operacional. Ou seja, quanto uma empresa gera de recursos através de suas atividades operacionais, sem contar com impostos, investimentos financeiros e empréstimos.

Assim, o EBITDA pode e deve ser utilizado para comparar as empresas quanto à eficiência, competitividade e produtividade dentro de um determinado segmento de mercado.  Sua utilização para análise de uma empresa é muito relevante. Porém, deve ser combinado com outros indicadores para fornecer uma visão mais apropriada da performance da empresa, visto que o mesmo possui certas limitações.

A forma mais fácil de conseguir este índice é através do DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício). Nele, é possível encontrar todos os dados para o cálculo do EBITDA, conforme veremos na fórmula abaixo:

EBITDA = LUCRO OPERACIONAL + DEPRECIAÇÃO + AMORTIZAÇÃO + TAXAS + JUROS.

A depreciação e a amortização são somadas, pois não representam saída de caixa efetiva. Além disso, caso as despesas financeiras no DRE estejam lançadas nas despesas operacionais e não após o Lucro Operacional, as mesmas também deverão ser adicionadas na fórmula do EBITDA.

Com o EBITDA da empresa em mãos, para calcular o valor da empresa de forma rápida e simplificada, deve-se multiplicá-lo pelo Múltiplo de EBITDA, utilizado no setor em transações semelhantes.

  1. Múltiplo de EBIT

O Múltiplo de EBIT é um método similar ao anterior e é usado para avaliar empresas maiores onde a amortização e a depreciação podem ser consideradas operacionais.

A metodologia tem por objetivo identificar quais lucros normalizados antes de juros e impostos estariam disponíveis para o novo proprietário depois da compra, considerando, também, as percepções de risco. Este método é apropriado para negócios maiores nos quais compradores financeiros, estratégicos ou sinérgicos estariam envolvidos.

  1. Fluxo Econômico Capitalizado (FEC)

foto-de-pessoa-encostando-em-grafico-que-representa-um-fluxo-de-caixa-como-uma-das-abordagens-por-tras-das-metodologias-de-avaliacao-de-empresasO Fluxo Econômico Capitalizado considera que o lucro líquido histórico ajustado é a melhor representação de lucros futuros que poderiam estar disponíveis ao novo proprietário após a compra. Por isso, método é mais usado quando se avaliam pequenos negócios.

O retorno exigido pelo comprador baseado na consideração de fatores de risco é usado para determinar o valor do negócio ao converter esses fluxos de caixa futuros em seus valores presentes, através da taxa do retorno exigido sobre o capital investido.

  1. Fluxo de Caixa Descontado (FCD)

O Fluxo de Caixa Descontado é uma das ferramentas mais aplicadas e confiáveis para o cálculo de valor de uma empresa. Nele, são trazidos a valor presente, mediante uma taxa de desconto, os fluxos de caixa futuros da empresa. Esta taxa de desconto costuma ser composta por todos os custos do capital e pelos riscos do empreendimento.

A ferramenta é amplamente utilizada por investidores, consultorias e demais interessados em conhecer o valor de uma empresa. Geralmente, é acionada no momento em que uma empresa vai captar investimento, oferecer ações para seus colaboradores, se fundir com outra, ou quando vai ser vendida.

O FCD é uma projeção daquilo que sua empresa poderá produzir no futuro com base em estimativas de fluxo de caixa e somados com seu valor nos dias atuais, considerando os descontos do tempo que isto levará e dos riscos assumidos.

Diferentemente do Fluxo de Caixa Econômico Capitalizado, que analisa o fluxo de dividendos a distribuir aos acionistas, o Fluxo de Caixa Descontado visa a obtenção de um fluxo a partir de uma ótica operacional da empresa.

No método FCD, o custo de capital próprio e o custo de capital de terceiros são considerados em uma única taxa ponderada.

O custo de capital próprio é calculado conforme o Capital Asset Pricing Model” (CAPM), que visa identificar a expectativa de retorno dos acionistas, dado o risco do investimento. Nele, são somados dois pontos básicos: a taxa de retorno de um ativo livre de riscos mais um prêmio pelo risco de mercado. Já́ para o custo de capital de terceiros, normalmente, são analisadas as linhas de empréstimos existentes.

Depois, estima-se a proporção de cada um deles na formação do capital da empresa. A taxa de desconto empregada para o FCD é uma ponderação entre capital próprio e capital de terceiros.

 Abordagem de mercado

foto-de-homem-fazendo-comparacao-com-as-maos-representando-as-abordagens-por-tras-das-metodologias-de-avaliacao-de-empresasA Abordagem de Mercado é baseada no princípio da substituição. Isto é, um comprador não pagará mais do que aquilo que teria de ser pago para comprar um substituto igualmente desejável. Por isso, sua lógica principal está na comparação com outras empresas, considerando eventuais diferenças, já que nenhuma empresa é exatamente igual.

Assim, o valor da empresa será determinado de forma indireta e pode não refletir fatores intrínsecos à empresa que podem gerar ou não valor para a empresa.

Esta abordagem possui duas vertentes: múltiplos de empresas comparáveis e múltiplos de transações comparáveis. No primeiro caso, o valor de uma empresa é determinado com base nos parâmetros de avaliação inerentes às métricas financeiras comparáveis como receita, EBITDA, preço da cota, entre outros. Estes dados são obtidos através empresas listadas em bolsa, com informações públicas.

Vale ressaltar que os múltiplos de mercado costumam ser mais utilizados para balizar valores do que propriamente para gerar valores. Por isso, faz-se necessária a análise de empresas recentemente transacionados, seguida de uma comparação de suas características com as aplicáveis a empresa que está sendo avaliada.

Abaixo veremos os métodos utilizados nessa abordagem: 

  1. Regra de Percentual Setorial

Este é um método simples que estima o valor do negócio com base numa porcentagem dos lucros que é comparável nesse setor, com dados geralmente obtidos a partir de bases de dados de transações comparativas e o próprio apetite do mercado.

Nele, é preciso analisar uma amostra de empresas comparáveis no setor e obter os valores dessas empresas e do EBITDA dessa amostra para determinar os múltiplos do setor. Este múltiplo é o que será aplicado ao EBITDA da empresa que está sendo avaliada, resultando no seu valor esperado.

É importante descontar deste valor a dívida líquida da empresa para obter o valor livre para o acionista. Esta abordagem é muito utilizada por diferentes empresas, pois a análise se dá por uma lógica operacional do negócio. 

  1. Regra de Múltiplo Setorial 

Esta metodologia é baseada em múltiplos de lucros, usando tanto a receita, quanto o EBIT, EBITDA ou Lucro Líquido gerado. Ela se baseia em bancos de dados de negociações comparativas e específicas.

Vale ressaltar que o múltiplo setorial pode e deve ser ajustado pelo avaliador para compensar desempenhos fora da curva em comparação com dados-referência disponíveis para cada setor. 

  1. Dados Diretos de Mercados

A metodologia de Dados Diretos do Mercado é baseada na opinião do mercado e no quanto ele está disposto a pagar pela empresa.

Geralmente, este método serve para negócios onde o lucro líquido gerado é a base usada, apesar de o EBITDA e o EBIT também poderem ser usados. Além disso, fatores de risco e confiabilidade das informações também são considerados.

  1. Métodos de Diretrizes

Há duas metodologias de diretrizes: Empresas Abertas e Transações Precedentes. Os métodos de diretrizes usam múltiplos de avaliação usados para empresas abertas através do primeiro método, e os múltiplos de transações precedentes compara transações passadas com a empresa sendo avaliada. Ambos demandam um detalhamento analítico intenso.

O primeiro caso é normalmente usado para empresas maiores (avaliadas em mais de R$ 50 milhões) enquanto o segundo pode ser usado para empresas médias e pequenas. Esta metodologia também é usada em avaliações de empresas de nicho.

Abordagem de custo

foto-de-pessoa-com-lupa-diante-de-saco-de-moedas-e-calculadora-representando-uma-das-abordagens-por-tras-das-metodologias-de-avaliacao-de-empresasDa mesma forma que a Abordagem de Mercado, a Abordagem de Custos se baseia no princípio da substituição. Nas metodologias dessa abordagem, o valor contábil é igualado ao valor de mercado de um negócio. O valor patrimonial é determinado por meio de técnicas como valor patrimonial líquido ajustado, valor de liquidação, o valor contábil e o valor contábil líquido.

Os métodos utilizados são:

  1. Acúmulo de Ativos / Custo para Criar

Esta metodologia é mais utilizada em avaliações onde o valor dos ativos ultrapassa o valor do fator intangível ou onde os ganhos do negócio não são suficientes para compensar o risco de permanecer no mesmo.

Aqui, tenta-se igualar o Valor Patrimonial Líquido ajustado ao valor justo de mercado dos ativos. O objetivo é demonstrar o custo para um comprador recriar o negócio, ou seja, adquirir os ativos fixos, o estoque e, talvez, o capital de giro, sem consideração de ganhos ou de intangíveis, a fim de calcular o valor mais provável de venda.

  1. Método de Lucros Excedentes Capitalizados

Esta metodologia é mais apropriada quando há um grande componente de fator intangível no negócio em questão comparado ao valor dos seus ativos tangíveis. Ela calcula o Valor de Mercado da soma dos ativos tangíveis e dos ativos intangíveis no negócio. O Lucro Líquido Gerado ou EBITDA normalizado é usado como base para a verificação dos lucros.

Esta é considerada a metodologia mais completa da abordagem de custo, pelo fato de considerar de uma forma macro, todos os pontos de uma análise.

Uma taxa de retorno razoável é considerada para o investimento nos ativos tangíveis de forma a recriar o que o comprador em potencial teria que lucrar se ele fosse investir um valor equivalente em um investimento alternativo oferecido pelo mercado.

O custo de empréstimo e o custo do patrimônio líquido são ponderados pela capacidade de tomar emprestado e a taxa de patrimônio liquido do total dos ativos para determinar essa taxa ponderada de retorno exigido sobre o investimento e através da capitalização dos ativos intangíveis por um retorno exigido sobre o capital investido.

Outras abordagens por trás das metodologias de avaliação de empresas

Abaixo veremos algumas outras abordagens por trás das metodologias de avaliação de empresas. São elas: o valor de liquidação e os métodos patrimoniais.

  1. Valor de Liquidação

O valor de liquidação é aquele que seria adotado caso o negócio fosse liquidado, ou seja, no caso de uma venda rápida ou forçada. Como os recursos podem perder valor em uma situação como essa, normalmente é uma avaliação do valor mínimo de uma empresa.

Em geral, não haveria razão para vender uma empresa por um valor inferior ao que pode ser apurado com seu fechamento. Esse valor também pode ser de entendido como o montante que cada acionista comum espera receber após a venda dos ativos tangíveis da empresa e da liquidação dos compromissos com os credores.

Alguns ativos intangíveis, como a marca, podem ser vendidos quando ocorre a liquidação da empresa, embora isso seja pouco provável. O valor de liquidação não é indicado e aplicado para empresas com saúde financeira positiva.

  1.    Métodos Patrimoniais

Os métodos patrimoniais de avaliação, normalmente, são utilizados em situações bastante específicas, por exemplo, em situação de falência. Basicamente, é quando se tem interesse nos ativos da empresa e não no seu potencial de geração de resultados.

Os métodos de avaliação de empresas que utilizam a abordagem patrimonial pressupõem que o valor de uma empresa pode ser calculado por uma das seguintes formas:

  • Pelo valor do patrimônio líquido (valor contábil), registrado no balanço patrimonial;
  • Pelo valor do patrimônio líquido reavaliado com base nos preços de mercado dos ativos e passivos; e
  • Pela soma dos valores de mercado dos ativos, em condições de liquidação, dependendo da situação da empresa, de seus ativos e do grau de controle da empresa vendedora sobre o processo de alienação.

Estes métodos pressupõem que o custo de aquisição dos ativos de uma empresa é a base para a determinação do seu valor. Por isso, novamente, não é indicado e aplicado para empresas com saúde financeira positiva.

Como escolher a melhor entre as abordagens por trás das metodologias de avaliação da minha empresa?

As metodologias citadas aqui apresentam grandes diferenças conceituais. Logo, são obtidos valores diferentes conforme o método utilizado e exigindo uma escolha que encontre o valor mais adequado a cada negócio.

foto-de-homem-em-duvida-de-qual-das-abordagens-por-tras-das-metodologias-de-avaliacao-de-empresas-utilizarNão existe uma metodologia melhor que outra. Os avaliadores devem considerar as diferentes características das empresas, a situação econômica no momento da análise e, principalmente, para qual finalidade se destina a avaliação de forma a selecionar o método mais apropriado.

A correta definição e aplicação das abordagens por trás das metodologias para avaliação é fundamental para que o avaliador encontre o valor mais assertivo e para que o comprador ou investidor possa ter uma visibilidade correta da geração de valor do seu negócio.

Conte com a BuyCo. para encontrar o valor mais justo da sua empresa. Somos especialistas em micro e pequenas empresas e contamos com o suporte de especialistas para te ajudar em todo o processo de compra e venda.

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