Tem um assunto que sempre abordamos aqui no Blog: a avaliação de empresas. Como já vimos, avaliar uma empresa para saber quanto ela realmente vale não serve apenas para momentos de compra e venda, mas também para fins de gestão, controle, busca de novos sócios e investidores, dissolução societária, conhecimento sobre quanto vale sua herança, acesso a créditos e financiamentos, renegociação de dívidas com credores, tomada decisões mais assertivas e conhecimento do real valor do seu maior patrimônio.
Isso porque, quando a avaliação de uma empresa é feita, é realizada uma análise completa do negócio, permitindo conhecer sua saúde financeira, mapear processos e encontrar aquilo que precisa ser melhorado para valorizar a empresa ainda mais.
Mas uma pergunta que sempre recebemos é: o que realmente significa valor? Principalmente quando estamos falando de uma empresa? Realmente, o termo pode ter diversas interpretações conforme o ponto de vista e o objetivo da avaliação.
É exatamente sobre isso que vamos tratar no artigo de hoje, afinal, ao realizar a avaliação de uma empresa, existem diversas metodologias para definir o valor buscado. Cada uma delas pode ser utilizada conforme as particularidades do negócio e os objetivos da avaliação que está sendo realizada. Por isso, hoje vamos destacar os principais conceitos de valor. Boa leitura!
O que é a avaliação de empresas?
Também chamada de valuation, a avaliação de empresas consiste no cálculo para estimar o valor de uma empresa através de métodos quantitativos para analisar a situação financeira e as perspectivas de crescimento. Assim, é possível chegar a um valor justo de cada negócio específico.
Existem diversos métodos e a escolha do mais adequado é fundamental para que o valor encontrado seja o mais assertivo. Vale destacar que a avaliação de empresas não é uma ciência exata e o resultado tende a variar conforme o método escolhido e as premissas utilizadas. Até mesmo a interpretação do conceito de “valor” pode gerar resultados diferentes, como veremos abaixo.
Além disso, caso a empresa esteja em negociação, seu valor também pode variar conforme os interesses de compradores e vendedores.
Nas grandes empresas, geralmente, são utilizados os seguintes métodos: fluxo de caixa descontado, método dos múltiplos e método contábil. Já para as micro e pequenas empresas, o método BuyCo. é o ideal. Desenvolvemos uma metodologia própria, comprovada e específica para micro e pequenas empresas, reunindo as 5 técnicas que melhor representam esse mercado e com base em 54 perfis de empresas.
Para escolher o melhor método, é preciso conhecer o negócio em todas as suas particularidades, além do objetivo da avaliação.
Por que saber o valor de uma empresa?
Como mostramos acima, com a avaliação de empresas em mãos, o proprietário de um negócio abre um leque de oportunidades na sua vida empresária. São elas:
→ Entender o desempenho empresarial.
Ao fazer a avaliação da sua empresa periodicamente, além de ter o valor do seu negócio sempre atualizado, você consegue comparar com números anteriores ou empresas semelhantes para avaliar o desempenho do seu negócio. Isso permite que empresários se planejem de forma mais adequada para obter uma melhor performance, além de acompanhar o resultado de decisões tomadas anteriormente. Essa autoanálise é valiosa para que a empresa corrija falhas, alinhe as estratégias e escolha caminhos cada vez mais rentáveis.
→ Auxiliar na tomada de decisões cada vez mais estratégicas e assertivas.
Ao conhecer quanto vale sua empresa, o gestor torna-se capaz de tomar decisões cada vez mais assertivas e estratégicas para aumentar o desempenho empresarial e, consequentemente, o valor da empresa. Além disso, como vimos, uma avaliação periódica, permite avaliar o resultado de decisões tomadas anteriormente, gerando informações valiosas para aprimorar a tomada de decisões, o que torna possível gerenciar de forma mais eficiente e criar planos e estratégias com um objetivo claro: valorizar ainda mais a empresa a partir de resultados cada vez melhores.
→ Saber o valor da herança.
O proprietário da empresa precisa planejar o momento em que irá se retirar definitivamente das atividades profissionais que exerce e pensar em planos de sucessão. Com isso, ao calcular o valor da sua empresa, poderá planejar melhor o momento em que passará o negócio para frente. Além disso, nós não sabemos como será o futuro. Por isso, é tão importante se prevenir, planejando e tomando decisões para que sua vontade prevaleça. Hoje, já existem muitos planejamentos eficientes de sucessão. E o primeiro passo desse plano é saber quanto vale a empresa e os patrimônios envolvidos.
→ Captar novos sócios e investidores.
Nunca se sabe quando uma empresa precisará de novos sócios ou investidores para crescer e se tornar mais competitiva. Para evitar que isso surja inesperadamente, possuir a avaliação da sua empresa é fundamental para convencer pessoas a investirem no seu negócio. Assim, você gera transparência, segurança e confiança de que os dados são verídicos e atuais. Por isso, realize a avaliação periodicamente e guarde-as para demonstrar a evolução do seu negócio. Essa atitude mostra o crescimento da sua empresa e o cuidado que você tem para auferir resultados.
→ Ter acesso a créditos e financiamentos.
Muitas linhas de crédito disponibilizadas por instituições financeiras exigem a apresentação de diversas informações contidas em um laudo de Valuation e a sua apresentação pode passar grande credibilidade, aumentando as chances de conseguir o empréstimo ou financiamento ao demonstrar sua capacidade de quitar as dívidas. Por isso, no momento que a necessidade surgir, você não pode perder uma boa oportunidade por falta de conhecimento, não é mesmo?! Estar preparado e com o laudo em mãos vai acelerar todo o processo.
→ Propor a compra da parte de um sócio.
A entrada ou saída dos sócios pode trazer mudanças substanciais na estrutura de capital, assim como fusões, cisões, aquisições, incorporações, planos de expansão, abertura de capital ou alianças estratégias. Isso exige que todas as partes envolvidas conheçam quanto vale a empresa. Com isso, novos e antigos sócios terão mais facilidade para identificar seus direitos e deveres, evitando brigas ou disputas judiciais complexas e demoradas. Isso é, inclusive, uma precaução para eventuais brigas de sócios ou mesmo o fim de uma organização familiar ou conjugal.
→ Renegociar dívidas com credores.
Em alguns momentos da sua vida empresária, você pode precisar renegociar dívidas com credores, por exemplo, com algum dos seus fornecedores para conseguir um fôlego financeiro, principalmente em momentos de crise, como a que estamos vivendo. Com um laudo de avaliação em mãos, você poderá apresentar sua situação financeira ao credor e mostrar sua capacidade de pagamento, garantindo transparência e credibilidade, o que vai aumentar suas chances de chegar a uma negociação favorável.
→ Precificar e acelerar a compra ou venda de uma empresa.
Quando o empresário chega à conclusão de que quer vender sua empresa, calcular seu valor é indispensável para uma boa negociação. Saber quanto a empresa vale evita o aceite de ofertas de investidores predadores, que estão em busca de preços inferiores ao seu verdadeiro potencial de geração de receita. Ou mesmo, evita colocar preços altos demais que podem assustar potenciais compradores e nunca realizar a venda. Além disso, com o laudo em mãos, é possível conhecer pontos de atenção que podem ser melhorados para valorizar ainda mais a empresa.
→ Ter total ciência do valor de um patrimônio.
A avaliação de empresas permite alinhar as expectativas de valor com base em dados e evidências mais fundamentadas. Isso evita que fatores subjetivos e vínculos emocionais interfiram no valor estimado. Conhecimento é poder! Com o laudo em mãos você terá informações claras sobre o patrimônio que você se dedica diariamente para construir e que, provavelmente, foi responsável pela aquisição de tantos outros patrimônios pessoais: seu carro, sua casa, seu computador ou celular que te possibilitaram até de ter acesso a esse conhecimento!
O que é valor?
Agora você já sabe o que é a avaliação de empresas e quais são algumas de suas aplicações, mas como definir o termo valor quando estamos tratando de uma empresa? Como vimos, esse termo pode ter várias interpretações dependendo do ponto de vista e do objetivo da avaliação.
Abaixo, listaremos os principais sentidos da palavra valor. Ao fazer a avaliação de uma empresa, podemos focar em vários modelos para definir qual o valor a ser buscado, cada um deles usado conforme o objetivo da avaliação. São eles:
Valor contábil ou patrimonial
O valor contábil é aquele que, geralmente, pode ser identificado através do Balanço Patrimonial que contabiliza todos os ativos e passivos existentes. É este o valor utilizado pelo método contábil.
Qualquer bem, sejam ativos isolados ou uma empresa completa, apresenta um valor contábil, porém, não necessariamente, esse valor corresponde ao que foi pago na sua aquisição.
O valor contábil de um ativo é o que está discriminado no Balanço e corresponde à quantia pela qual o ativo está registrado na contabilidade, considerando a depreciação acumulada do item e as provisões de perda devido à redução do valor recuperável.
Este se assemelha ao valor residual, isto é, o valor que a empresa espera receber pelo ativo ao final de sua vida útil. Para calculá-lo, é preciso saber o valor pago pelo ativo em sua aquisição e deduzir a depreciação acumulada, isto é, quanto ele perdeu de valor.
No caso de uma empresa, o valor contábil seria a soma dos ativos circulante e não circulante, subtraída de seus passivos circulante e não circulante.
Porém, esse valor reflete apenas o seu custo histórico e reflete seu passado, ignorando o futuro e o potencial de crescimento de uma empresa, que é o que o mercado de fato está interessado. Por isso, é utilizado, geralmente, para realizar prestação de contas junto à Receita Federal e aos principais acionistas.
Valor de liquidação
O valor de liquidação é utilizado quando um ativo é analisado de forma individual conforme seu custo de aquisição e desconsiderando a utilização desse bem nas operações da empresa ou a demanda e oferta do mercado.
Também não são considerados os potenciais de cada um dos ativos sob responsabilidade do negócio, apenas o valor pelo qual cada um deles foi adquirido e de forma individual. Por isso, esse modelo não é utilizado na avaliação de uma empresa, apenas quando o negócio entra em processo de liquidação empresarial ou falência, isto é, quando a empresa encerra suas atividades.
Valor de mercado
O valor de mercado também trata os ativos de forma individual, mas sua construção está ligada á condições de oferta e demanda do mercado. Por isso, o valor de cada um dos ativos da empresa pode variar bastante ao longo do tempo, influenciado diretamente pelos movimentos de mercado e pelas diferentes análises e pontos de vista das partes interessadas.
Esse valor é, então, o efetivo preço de negociação e não necessariamente coincide com seu valor intrínseco/justo ou seu valor contábil/patrimonial.
O valor de mercado então, é aquele pelo qual a empresa ou ativo poderá ser realmente vendido e será gerado com base em percepções, fatos e eventos do mercado. Dessa forma, é possível constatar que uma empresa pode ser vendida por um valor maior ou menor que seu valor contábil ou justo, conforme a disposição a pagar do mercado.
Por isso, esse valor pode ser utilizado para avaliar empresas quando o negócio já está bem estruturado, porém, não é o principal conceito de valor usado.
Valor intrínseco ou justo
O valor intrínseco determina o quanto de riqueza pode ser gerada por um ativo no futuro. Ou seja, nessa perspectiva de valor, é considerado o retorno de cada um dos ativos da empresa.
Esse conceito de valor é visto como custo de oportunidade, isto é, o quanto deve-se aceitar para abrir mão da riqueza futura produzida por certo bem. Por isso, esse é o conceito mais utilizado para avaliar empresas, afinal, ele considera o potencial de crescimento e futuro do negócio.
Para encontrá-lo, é preciso fazer uma análise completa e bem fundamentada da empresa, afinal, esta é uma estimativa do futuro, mas deve ser a mais justa e assertiva possível. Para isso, é preciso encontrar o valor equivalente ao valor presente do fluxo de caixa esperado para a empresa que está sendo avaliada, através de uma taxa de desconto que incorpora os custos e riscos.
E o preço, o que é?
Muitas pessoas acabam usando os termos preço e valor como sinônimos. Porém, existem diferenças significativas entre esses dois conceitos e suas aplicabilidades.
No dicionário, valor diz respeito ao que vale uma coisa. Já preço é o valor pecuniário de uma coisa ou o dinheiro que se paga por ela, sua remuneração ou compensação.
Assim, preço é algo completamente quantificável, pois não é subjetivo, mas, no fim das contas, quem tem a última escolha no preço de venda é, na verdade, quem paga. Afinal, quem vende deve fazer com que compradores percebam que uma empresa apresenta um valor.
Valor é um conceito muito mais subjetivo, pois depende de expectativas e demandas da parte que irá adquirir a empresa. Nesse caso, valor refere-se à sensação de satisfação e realização em adquirir determinada empresa. Por isso, uma empresa pode parecer cara para uns, mas barata para outros.
Assim, preço é o dinheiro que desembolsamos e pagamos por algo, definido por uma série de custos. Já valor é um conceito mais subjetivo e está ligado à percepção de preço. Assim, no final de tudo, o que comanda é a percepção de valor agregado contido e isso depende de muitas coisas: benefícios, experiência, expectativa de retorno, motivação particular, vínculo, qualidade, importância, entre outros.
A diferença entre preço e valor é o que faz um comprador escolher uma empresa mais cara ou uma opção entre duas alternativas, ainda que ambas tenham o mesmo preço. Warren Buffett explica muito bem: “o preço é o que você paga, o valor é o que você leva.”
O grande desafio e segredo para o sucesso é conseguir agregar valor às empresas, o que pode vir acompanhado de um aumento no preço cobrado na hora da venda. E você, sabe quanto vale sua empresa?