Um dos mercados mais aquecidos durante a pandemia foi o mercado de bicicletas. Isso se deu por diversas razões: pessoas buscando uma atividade física em ambientes abertos já que as academias foram fechadas em função da pandemia, pais buscando entretenimento para os filhos que passaram a ficar mais em casa, pessoas buscando um meio de transporte alternativo aos transportes públicos para evitar aglomerações, ou mesmo, a conscientização do uso de bicicletas para contribuir com a saúde e o meio ambiente.
O somatório de todas essas razões e muitas outras não podia ser diferente: o mercado de bicicletas é um dos mais aquecidos da atualidade e a pandemia contribuiu muito para isso.
No artigo de hoje, vamos fazer um panorama completo do mercado de bicicletas, apontando, tendências e oportunidades. Boa leitura!
O Mercado de Bicicletas
A bicicleta é uma excelente opção de locomoção, pois tem valor bem mais acessível do que motocicletas e ainda contribui para a saúde e para o meio ambiente, já que não poluem. Essa conscientização favoreceu muito para o aquecimento do mercado de bicicletas.
Em 2019 e início de 2020, o aquecimento da economia, causado pela baixa das taxas de juros e a queda da inadimplência dos consumidores, estimulou a compra de bicicletas, e o esperado era um crescimento de 7,3% da produção em 2020. A importação, em 2019, foi 36,3% inferior ao acumulado em 2018, o que indica o crescimento da indústria nacional em detrimento das importações.
No Brasil, muitas pessoas já estavam trocando seus carros pela bicicleta devido a fatores como os engarrafamentos no trânsito, o transporte público deficiente, a poluição e a busca por uma vida mais saudável. A pandemia do Covid-19 resultou em maior adesão às bicicletas, visto que o uso destas como meio de transporte é uma forma de evitar aglomeração durante a reabertura gradual das cidades já que os transportes públicos podem ser mais suscetíveis às contaminações e são poucas as pessoas que tem o carro próprio.
Além disso, as pessoas também estão procurando alternativas de lazer ou de exercícios físicos de forma segura, com distanciamento e em espaços abertos e arejados, visto que as academias e clubes tiveram que ficar fechadas por determinado período, fazendo com que as pessoas ficassem sem opções para práticas esportivas.
Muitos pais compraram bicicletas para seus filhos que passaram a ficar mais em casa e com menos contato com outras crianças, como forma de entretenimento e prática saudável fora de casa, mantendo todos os protocolos de segurança da pandemia.
O público é majoritariamente masculino, mas está crescendo entre mulheres e crianças. As principais atividades relacionadas às bicicletas são:
Mountain Bike
A categoria de bicicletas mais produzida em 2019, com 47,5% de participação. Em 2020, essa categoria representa 54,4% de todas as bicicletas produzidas no país. São destinadas ao público adulto, geralmente com aros de 26 a 29 polegadas, quadros full-suspension e/ou amortecimento frontal. Ideais para o uso em trilhas e terrenos acidentados.
Urbana/Lazer
A segunda categoria mais produzida em 2019, com 36,7% de participação. Em 2020, essa categoria detêm 33,9% da produção. São projetadas para mobilidade urbana ou recreação fora da terra, oferecem uma posição de pedalar mais confortável, amortecimento frontal ou não, para-lamas ou não, e luzes de segurança.
Bicicletas Elétricas
Essa categoria que antes equivalia a apenas 0,7% da fabricação nacional, está em crescimento no país, seguindo as tendências de outros países. A projeção para 2020 é de 32 mil bicicletas elétricas (305 a mais em relação à 2019). Em pesquisa feita pela Aliança Bike, 59% dos entrevistados usam a bicicleta elétrica para se deslocar até o local de sua atividade principal, sendo que 56% usavam o automóvel. Em agosto de 2020, o crescimento foi de 53% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Mercado de Bicicletas durante a pandemia
O começo da pandemia foi difícil para quase todos os negócios do país. As bicicletas sentiram uma queda de até 70% no faturamento. Porém, desde maio de 2020, o mercado de bicicletas mostrou crescimentos exponenciais em relação ao ano de 2019.
Em agosto, esse crescimento atingiu a marca de 93% em comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme dados da Aliança Bike. Em setembro, 89,2 mil unidades foram montadas, representando um crescimento de quase 40% em relação a agosto. Essa tendência de alta foi se mantendo desde então e mostrando que o mercado de bicicletas segue um momento muito positivo em todo o Brasil durante a pandemia.
Os modelos mais procurados, representando 90% do total de vendas, foram as bicicletas de entrada, com valores que variam entre R$ 800 e R$ 2 mil, utilizadas especialmente como meio de transporte, realização de atividades físicas e lazer, demonstrando uma mudança de hábitos significativa entre os brasileiros.
Porém, a procura por bicicletas de maior valor agregado não ficou para trás. Em agosto de 2020, a venda de bicicletas acima de R$ 5 mil representou quase 10% do total de vendas nas lojas.
Isso tudo pode ser justificado pelo baixo risco de contaminação no período de pandemia, tendo a bicicleta, sido indicada pela própria OMS para reduzir o contágio e manter a saúde em dia através da prática de atividades físicas, já que pode ser praticada individualmente e, mesmo que em grupos, é possível manter distância. Além disso, como vimos acima, a busca de atividades físicas, lazer, transporte e a própria conscientização em relação ao meio ambiente e à saúde. De fato, as bicicletas estão apresentando seu maior boom de vendas da história!
E isso não foi só no Brasil…
Diversos locais já estão implementando em seus projetos urbanísticos o investimento em ciclovias, por exemplo, Paris e Londres. No Brasil, esse movimento ainda não apresentou sinais, porém, pode ser que isso aconteça em breve.
A procura foi tanta que isso impactou diretamente os fabricantes que começaram a atrasar as entregas pela falta de componentes para montagem, vindos majoritariamente de outros países, principalmente, China, que foi o primeiro país atingido pela pandemia. Isso ocasionou filas de esperas em diversas lojas do país. Espera-se que o equilíbrio entre oferta e demanda seja equilibrado no próximo ano, devido à normalização da importação e distribuição de componentes.
Oportunidades no mercado de bicicletas
A primeira oportunidade que temos que destacar é o comércio digital que representa a maior parte das vendas nas lojas de bicicletas. Para isso, é preciso criar ou aprimorar o canal online.
Além disso, é preciso ouvir os clientes e o que eles demandam. Os clientes do mercado de bicicletas tendem a confiar e fidelizar, principalmente, em lojas que oferecem não só produtos, mas também, serviços.
Uma outra oportunidade é a nacionalização de concorrentes para evitar atrasos e filas de espera. Isso contribuirá, inclusive, com o bolso do cliente, uma vez que a alta do dólar fez o preço das bicicletas disparar recentemente.
Com o objetivo de estimular o mercado de bicicletas no Brasil, a Aliança Bike criou um conjunto de 10 propostas que abordam: ampliação da malha ciclo viária, redução de cargas tributárias, criação de linhas de crédito, alteração da legislação trabalhista para incluir bicicletas como meio de transporte, criação de políticas públicas para desenvolver o ciclo turismo e estimular entregas feitas em bicicletas, oferta de mais áreas para o ciclismo esportivo e de lazer e criação de programas nacionais que fortaleçam a economia verde.
Caso isso tudo aconteça, podemos identificar excelentes oportunidades para as lojas de bicicletas apostarem.
Case de sucesso
A B8 Sport Bike é uma das lojas de bicicletas de Belo Horizonte que participou de uma das lives da BuyCo. e contou que, no início da pandemia, precisou fechar as portas, mas, incrivelmente, conseguiu crescer seu faturamento em 80% durante a pandemia, pois se reinventou, planejou seu e-commerce, suas redes sociais e seu delivery de bicicletas e produtos. Hoje, o e-commerce representa 15% do faturamento da loja, que conseguiu alcance nacional para a venda de bicicletas.
Além disso, o Henrique Bahia, um dos sócios da B8, contou que investiu em novos produtos e serviços para atender novas demandas. Um exemplo foi o rolo de treino, produto que permite transformar a bicicleta tradicional em ergométrica para pedalar em casa.
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