Você provavelmente já ouviu falar sobre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), certo? Ela demonstra a vida financeira completa de um negócio e é fundamental para gerir e compreender a saúde da operação da sua empresa. Assim, ela é essencial para a venda de empresas.
Por isso, continue lendo o artigo para conhecer o que é a DRE, como ela se estrutura, a importância de se ter este demonstrativo dentro das normas e dos pronunciamentos técnicos, CPC 26 (R1), tanto para estar de acordo com as normas contábeis, como também, para se preparar para a venda da sua empresa.
Boa leitura!
O que é DRE?
A Demonstração do Resultado do Exercício, DRE, é um relatório contábil que descreve, de forma vertical e resumida, as operações financeiras de uma empresa em determinado período. Ela confronta receitas, despesas e custos para gerar o resultado líquido, que pode ser lucro ou prejuízo.
Basicamente, a DRE é a apresentação resumida das operações realizadas pela empresa durante um período de tempo, com o objetivo de analisar o desempenho das atividades do negócio. Assim, é possível tomar decisões com base em uma visão precisa e realista da empresa, conhecendo o percentual que cada valor representa do faturamento, bem como, monitorando suas variações.
De acordo com o CPC 26 (R1), as empresas devem apresentar anualmente todas as alterações do patrimônio líquido reconhecidas em cada exercício que não representam transações entre a empresa e seus sócios. Essa regra não se aplica aos Microempreendedores Individuais, porém, por ser um relatório fundamental para a gestão, é recomendável que estes também o façam. Além disso, é comum que as empresas o elaborem mensalmente para fins administrativos e trimestralmente, conforme obrigações fiscais.
No Brasil, a DRE deve ser elaborada conforme o regime de competência, ou seja, as receitas, custos e despesas devem ser incluídos na operação do resultado na data que ocorreram, mesmo que essa não seja a data em que houve movimentação no caixa da empresa (efetivos recebimentos ou pagamentos).
Além disso, no mesmo período, na DRE, serão computados custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes e correlatos às receitas e rendimentos.
Estrutura da DRE
A Lei das Sociedades por Ações, 6.404/76, artigo 187, define a estrutura da DRE. Ela deve conter: a receita bruta das vendas, as deduções, os abatimentos e impostos, a receita líquida, o custo das mercadorias ou serviços vendidos, o resultado operacional bruto, as despesas com vendas, financeiras, gerias, administrativas e operacionais, o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e despesas, o resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social, bem como, as provisões dos mesmos, a participação de terceiros e, ao final, o lucro ou prejuízo líquido e seu montante por ação.
Assim, a estrutura padrão de uma DRE é:
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Vendas de Produtos, Mercadorias e/ou Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas, Abatimentos, Impostos e Contribuições sobre Vendas
= RECEITA LÍQUIDA
(-) CUSTOS TOTAL DAS VENDAS
Custo dos Produtos Vendidos, Mercadorias ou dos Serviços Prestados
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas Com Vendas, Administrativas, entre outras.
= LUCRO OPERACIONAL
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Para as Pequenas e Médias Empresas, estes conceitos também são aplicáveis e podem ser consultados no Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.
Importância da DRE na hora de vender sua empresa
A DRE é importante não só para a gestão da empresa, como também para agentes externos e para o momento da venda. É por meio dela que se avalia a capacidade da empresa e sua real situação.
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Para a empresa:
Em relação à gestão da empresa, a DRE permite analisar o desempenho e saúde financeira da empresa, verificar a evolução e composição das receitas e gastos, gerar informações sobre a situação patrimonial e financeira da empresa para a tomada de decisão dos gestores, ponderar se existe viabilidade econômica para novos investimentos, entender a real lucratividade do negócio e quais áreas precisam de melhorias, prestar contas, apontar o ponto de equilíbrio, possibilitar a correção de falhas, entre outras.
Assim, com base na DRE, é possível ter uma visão geral da empresa para que ela possa elaborar seu orçamento, planejar suas perspectivas futuras, verificar se o negócio foi lucrativo, fazer ajustes e verificar se vai ter problemas financeiros para poder se preparar. Logo, ela não serve apenas para fins legais ou fiscais, ela é fundamental para que a gestão se torne mais estratégica e para uma boa gestão corporativa.
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Para agentes externos:
Além disso, governos e órgãos fiscalizadores verificam se os tributos foram calculados e pagos corretamente com base na DRE e bancos podem avaliar a situação do negócio antes de conceder crédito com base nesse relatório.
Em relação à venda da empresa, investidores ou potenciais compradores interessados no negócio avaliam a saúde financeira da mesma antes de tomar uma decisão com base nesse relatório. Muitos, inclusive, solicitam uma auditoria contábil, fiscal e financeira dos últimos três anos. Para isso, é necessário que a DRE esteja de acordo com as normas.
Muita das metodologias para avaliação de empresas, processo inicial de venda que visa estimar quanto vale um negócio, tomam por base os resultados dos últimos anos, encontrados na DRE da empresa. Estas metodologias precisam apurar os lucros antes dos impostos, o EBITDA ou EBIT, a Receita Bruta/Líquida, dentre outros, que devem ser extraídos da demonstração.
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A DRE também servirá para avaliar financeiramente se as atividades da empresa estão gerando retorno, ou seja, demonstrar se a mesma esta obtendo lucros ou prejuízos em um determinado exercício, onde vão analisar os dados mais relevantes, tais como custos operacionais, lucro bruto e liquido, margem de lucro e assim analisar o poder de ganho da empresa antes de tomar a decisão de comprar aquele negócio.
Conclusão
Num atual cenário competitivo e incerto, as organizações precisam ter respostas rápidas e eficazes, identificando necessidades e aplicando melhorias constantemente. Com isto um DRE é um importante instrumento para os empresários, inclusive os micro e pequenos.
Como vimos, mesmo que o empresário não queira vender sua empresa, ter uma DRE completa e clara é fundamental para a gestão do negócio. Além disso, é uma maneira de estar preparado para eventuais propostas de compra.
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